A vocação do interior do Nordeste para a instalação de parques solares é inequívoca. A questão é como retirar a energia de áreas onde, muitas vezes, há escassez de recursos básicos, como água e rede elétrica. Hoje, uma série de empreendimentos deixa de ser instalada em centenas de localidades porque não há planos de expansão de linhas de transmissão. Em muitos casos, empreendimentos de usinas já construídas enfrentam limitações para escoar energia que produzem. Dados da Absolar apontam que, em 2019, 33 mil MWh deixaram de ser lançados no sistema por falta de linha de transmissão. Esse volume saltou para 70,8 mil MWh, em 2020, e chegou a 105 mil MWh em 2021, até agosto. Na prática, são centenas de milhões de reais de prejuízo aos investimentos, além de menos energia para o consumo, quando o País recorre a todo tipo de usina para evitar apagão. “É um problema grave. O governo tem um planejamento da expansão da transmissão de energia, mas não olha para as fontes renováveis com a atenção devida, não considera a expansão das renováveis no mercado livre de oferta. O resultado é o descasamento dos projetos”, diz Marcio Trannin, vice-presidente da Absolar. (O Estado de São Paulo – 13.02.2022)